(UPE SSA/2017) As manifestações da literatura do Brasil-Colônia estão ligadas ao Quinhentismo português e ao Seiscentismo peninsular. Assim, entre os anos de 1500 a 1600, encontram-se importantes produções, como as de José de Anchieta e a de Bento Teixeira, as quais marcam presença nas origens da literatura brasileira. Texto 1 Primeiro Ato (Cena do martírio de São Lourenço) Cantam: Por Jesus, meu salvador, Que morre por meus pecados, Nestas brasas morro assado Com fogo do meu amor. Bom Jesus, quando te vejo Na cruz, por mim flagelado, Eu por ti vivo e queimado Mil vezes morrer desejo. Pois teu sangue redentor Lavou minha culpa humana, Arda eu pois nesta chama Com fogo do teu amor. O fogo do forte amor, Ah, meu Deus!, com que me amas Mais me consome que as chamas E brasas, com seu calor. Pois teu amor, pelo meu Tais prodígios consumou, Que eu, nas brasas onde estou, Morro de amor pelo teu. (Auto de São Lourenço, de José de Anchieta) Texto 2 PROSOPOPEIA I Cantem Poetas o Poder Romano, Sobmetendo Nações ao jugo duro; O Mantuano pinte o Rei Troiano, Descendo à confusão do Reino escuro; Que eu canto um Albuquerque soberano, Da Fé, da cara Pátria firme muro, Cujo valor e ser, que o Ceo lhe inspira, Pode estancar a Lácia e Grega lira. II As Délficas irmãs chamar não quero, que tal invocação é vão estudo; Aquele chamo só, de quem espero A vida que se espera em fim de tudo. Ele fará meu Verso tão sincero, Quanto fora sem ele tosco e rudo, Que per rezão negar não deve o menos Quem deu o mais a míseros terrenos. III E vós, sublime Jorge, em quem se esmalta A Estirpe dAlbuquerques excelente, E cujo eco da fama corre e salta Do Cauro Glacial à Zona ardente, Suspendei por agora a mente alta Dos casos vários da Olindesa gente, E vereis vosso irmão e vós supremo No valor abater Querino e Remo. IV Vereis um sinil ânimo arriscado A trances e conflictos temerosos, E seu raro valor executado Em corpos Luteranos vigurosos. Vereis seu Estandarte derribado Aos Católicos pés victoriosos, Vereis em fim o garbo e alto brio Do famoso Albuquerque vosso Tio. V Mas em quanto Talia no se atreve, No Mar do valor vosso, abrir entrada, Aspirai com favor a Barca leve De minha Musa inculta e mal limada. Invocar vossa graça mais se deve Que toda a dos antigos celebrada, Porque ela me fará que participe Doutro licor milhor que o de Aganipe. (Bento Teixeira) Sobre tais produções e seus autores, analise as proposições a seguir. I. Em geral, a produção de José de Anchieta tem como finalidade prestar serviço à Companhia de Jesus; assim, é intencional o caráter estético-doutrinário e pedagógico de suas obras. II. O Auto de São Lourenço é dotado de técnica tomada de empréstimo de Gil Vicente e possui forte influência barroca, como imaginação exaltada, ideia abstrata e valorização dos sentidos. III. Prosopopeia é um poemeto épico com a finalidade de louvar o Governador de Pernambuco, Jorge de Albuquerque Coelho. IV. Pode-se dizer que o Texto 2 distancia-se tanto na forma como no estilo de Os Lusíadas, de Camões. V. Bento Teixeira compromete o valor estético de sua Prosopopeia, quando emprega um tom bajulatório no poemeto, apresentando pobre motivo histórico e inconsistência nos recursos nele utilizados. Estão CORRETAS apenas:
(Upe-ssa 2/2017) Em relação ao Parnasianismo e ao Simbolismo, analise as proposições abaixo e assinale com V as Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) O Parnasianismo é uma manifestação vigorosamente antirromantismo, por isso a presença do culto extremo da forma. ( ) A origem do Parnasianismo é na Inglaterra, onde foi lançada, em 1866, uma coletânea chamada Parnasse Contemporain. ( ) Sobre os poetas simbolistas, percebe-se que, na França, em Portugal e no Brasil, suas características são muito parecidas e bem próximas dos poetas parnasianos. ( ) Os simbolistas preservaram a preocupação com a versificação dos parnasianos, mas, desejosos de manter um clima de mistério e fluidez, optaram por ritmos musicais e insinuantes. ( ) Missal e Broquéis são as mais importantes obras de Alphonsus de Guimaraens, poeta que inicia o movimento simbolista no Brasil. A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(Upe-ssa 2 2017) O Romantismo não é só um período literário, ele também é um movimento que abarca as artes plásticas. Assim, analise as imagens a seguir. Acerca dos textos acima, assinale com V as afirmativas Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) É possível afirmar que esses textos têm em comum complexos valores ideológicos, próprios da expressão plástica romântica. ( ) A Imagem 1 expressa uma das temáticas do Romantismo, isto é, a liberdade contra a tirania. ( ) A Imagem 2 dialoga com o Romantismo por tratar de uma temática cara aos românticos, que é a exaltação do passado histórico e de caráter nacionalista. ( ) A Imagem 3 expressa, de forma dramática, a tragédia de um naufrágio. Nessa obra, é possível identificar uma das características do Romantismo, a hipervalorização dos sentimentos, tanto as do mundo físico natural como as emoções pessoais. ( ) A Imagem 4 dialoga com a obra de José de Alencar, O Uraguai, cuja protagonista é Iracema. A sequência CORRETA, de cima para baixo é:
(Upe-ssa 2 2017) Texto 1 Amor Amemos! Quero de amor Viver no teu coração! Sofrer e amar essa dor Que desmaia de paixão! Na tualma, em teus encantos E na tua palidez E nos teus ardentes prantos Suspirar de languidez! Quero em teus lábios beber Os teus amores do céu, Quero em teu seio morrer No enlevo do seio teu! Quero viver desperança, Quero tremer e sentir! Na tua cheirosa trança Quero sonhar e dormir! Vem, anjo, minha donzela, Minhalma, meu coração! Que noite, que noite bela! Como é doce a viração! E entre os suspiros do vento Da noite ao mole frescor, Quero viver um momento, Morrer contigo de amor! Álvares de Azevedo Texto 2 Era no tempo do rei. Uma das quatro esquinas que formam as ruas do Ouvidor e da Quitanda, cortando-se mutuamente, chamava-se nesse tempo O canto dos meirinhos ; e bem lhe assentava o nome, porque era aí o lugar de encontro favorito de todos os indivíduos dessa classe (que gozava então de não pequena consideração). Os meirinhos de hoje não são mais do que a sombra caricata dos meirinhos do tempo do rei; esses eram gente temível e temida, respeitável e respeitada; formavam um dos extremos da formidável cadeia judiciária que envolvia todo o Rio de Janeiro no tempo em que a demanda era entre nós um elemento de vida: o extremo oposto eram os desembargadores. Ora, os extremos se tocam, e estes, tocando-se, fechavam o círculo dentro do qual se passavam os terríveis combates das citações, provarás, razões principais e finais, e todos esses trejeitos judiciais que se chamava o processo. Daí sua influência moral. Memórias de um Sargento de Milícias, de Manuel Antônio de Almeida. Sobre os textos 1 e 2, analise as proposições a seguir e assinale com V as Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) O Texto 1 tematiza o amor como sentimento da ação interior do sujeito, deixando transparecer seu estado afetivo; revela a intimidade de um amor irresoluto e ambivalente. ( ) O poeta Álvaro de Azevedo transita entre um amor humano e um amor divino, numa tentativa de equacionar seus desejos pela mulher amada e pela imagem de mulher divinizada. ( ) A obra Memórias de um Sargento de Milícias caracteriza-se como uma novela, ao apresentar uma sequência de células dramáticas, ou episódios semelhantes a capítulos, posicionados numa ordem linear temporal. ( ) O Texto 2, fragmento de Memórias de um Sargento de Milícias, caracteriza-se como um romance, e é baseado nos valores sociais, contemporâneos ao autor da obra. A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(Upe-ssa 2 2017) Texto 1 Tinha dezessete anos; pungia-me um buçozinho que eu forcejava por trazer a bigode. Os olhos, vivos e resolutos, eram a minha feição verdadeiramente máscula. Como ostentasse certa arrogância, não se distinguia bem se era uma criança, com fumos de homem, se um homem com ares de menino. Ao cabo, era um lindo garção, lindo e audaz, que entrava na vida de botas e esporas, chicote na mão e sangue nas veias, cavalgando um corcel nervoso, rijo, veloz, como o corcel das antigas baladas, que o romantismo foi buscar ao castelo medieval, para dar com ele nas ruas do nosso século. O pior é que o estafaram a tal ponto, que foi preciso deitá-lo à margem, onde o realismo o veio achar, comido de lazeira e vermes, e, por compaixão, o transportou para os seus livros. Sim, eu era esse garção bonito, airoso, abastado; e facilmente se imagina que mais de uma dama inclinou diante de mim a fronte pensativa, ou levantou para mim os olhos cobiçosos. De todas porém a que me cativou logo foi uma... uma... não sei se diga; este livro é casto, ao menos na intenção; na intenção é castíssimo. Mas vá lá; ou se há de dizer tudo ou nada. A que me cativou foi uma dama espanhola, Marcela, a linda Marcela, como lhe chamavam os rapazes do tempo. E tinham razão os rapazes. Era filha de um hortelão das Astúrias; disse-mo ela mesma, num dia de sinceridade, porque a opinião aceita é que nascera de um letrado de Madri, vítima da invasão francesa, ferido, encarcerado, espingardeado, quando ela tinha apenas doze anos. Memórias Póstumas de Brás Cubas, de Machado de Assis Texto 2 Durante dois anos, o cortiço prosperou de dia para dia, ganhando forças, socando-se de gente. E ao lado o Miranda assustava-se, inquieto com aquela exuberância brutal de vida, aterrado defronte daquela floresta implacável que lhe crescia junto da casa, por debaixo das janelas, e cujas raízes, piores e mais grossas do que serpentes, minavam por toda a parte, ameaçando rebentar o chão em torno dela, rachando o solo e abalando tudo. Posto que lá na Rua do Hospício os seus negócios não corressem mal, custava-lhe a sofrer a escandalosa fortuna do vendeiro aquele tipo! um miserável, um sujo, que não pusera nunca um paletó, e que vivia de cama e mesa com uma negra! À noite e aos domingos, ainda mais recrudescia o seu azedume, quando ele, recolhendo-se fatigado do serviço, deixava-se ficar estendido numa preguiçosa, junto à mesa da sala de jantar, e ouvia, a contragosto, o grosseiro rumor que vinha da estalagem numa exalação forte de animais cansados. Não podia chegar à janela sem receber no rosto aquele bafo, quente e sensual, que o embebedava com o seu fartum de bestas no coito. E depois, fechado no quarto de dormir, indiferente e habituado às torpezas carnais da mulher, isento já dos primitivos sobressaltos que lhe faziam, a ele, ferver o sangue e perder a tramontana, era ainda a prosperidade do vizinho o que lhe obsedava o espírito, enegrecendo-lhe a alma com um feio ressentimento de despeito. Tinha inveja do outro, daquele outro português que fizera fortuna, sem precisar roer nenhum chifre; daquele outro que, para ser mais rico três vezes do que ele, não teve de casar com a filha do patrão ou com a bastarda de algum fazendeiro freguês da casa! Mas então, ele Miranda, que se supunha a última expressão da ladinagem e da esperteza; ele, que, logo depois do seu casamento, respondendo para Portugal a um ex-colega que o felicitava, dissera que o Brasil era uma cavalgadura carregada de dinheiro, cujas rédeas um homem fino empolgava facilmente; ele, que se tinha na conta de invencível matreiro, não passava afinal de um pedaço de asno comparado com o seu vizinho! Pensara fazer-se senhor do Brasil e fizera-se escravo de uma brasileira mal-educada e sem escrúpulos de virtude! Imaginara-se talhado para grandes conquistas, e não passava de uma vítima ridícula e sofredora!... Sim! no fim de contas qual fora a sua África?... Enriquecera um pouco, é verdade, mas como? a que preço? hipotecando-se a um diabo, que lhe trouxera oitenta contos de réis, mas incalculáveis milhões de desgostos e vergonhas! Arranjara a vida, sim, mas teve de aturar eternamente uma mulher que ele odiava! E do que afinal lhe aproveitar tudo isso? Qual era afinal a sua grande existência? Do inferno da casa para o purgatório do trabalho e vice-versa! Invejável sorte, não havia dúvida! O Cortiço, de Aluízio de Azevedo Considerando as características temáticas e estilísticas dos textos 1 e 2, analise as proposições a seguir. I. O Texto 1 é um trecho de um importante romance de Machado de Assis, o qual destaca episódios da vida do próprio autor. II. No Texto 1, é possível perceber costumes do cotidiano burguês numa cidade do século XIX, levando o leitor a constatar, pela postura individual do protagonista, um segmento social dosado de humor nas suas próprias experiências. III. No Texto 2, é apresentado o comportamento decadente da sociedade burguesa da segunda metade do século XIX, em que prevalece o interesse individual. IV. As personagens de Aluísio Azevedo, em O Cortiço, são alicerçadas nas ideias de Taine, presas ao ambiente e à hereditariedade, limitadas pelas questões sociais e pelo meio onde vivem suas experiências. Estão CORRETAS:
TEXTO PARA A PRÓXIMA QUESTÃO: Leia o texto abaixo para responder à(s) questão(ões) a seguir. (Upe-ssa 1 2017) Acerca de algumas relações lógico-semânticas presentes no texto Pedestre, a medida de todas as coisas, analise as afirmações a seguir. I. No trecho: Disse que, embora graduado em Arquitetura e Urbanismo pela UFPE, só fui entender o que considero vital na questão urbana atual depois que andei milhares de quilômetros no Recife. (2 parágrafo), o segmento sublinhado deve ser interpretado como uma ressalva. II. Com o trecho: Depois, portanto, que, na prática, me pós-graduei pelos pés. (2 parágrafo), o autor apresenta a conclusão do que tinha dito, anteriormente, no texto. III. Com o segmento destacado no trecho: O essencial do que aprendi foi que se o pedestre se sente mal no solo é porque o urbanismo é ruim (2 parágrafo), o autor faz uma afirmação categórica. IV. O segmento destacado no trecho: Depois de gastar muita sola de sapato por aí, defendo que haja uma inversão de sentido (3 parágrafo) situa temporalmente o segmento final. Estão CORRETAS:
(UPE/SSA - 2017) A propsito do texto acima e de seus recursos multimodais, analise as proposies a seguir. I. Ao encobrir parte da cena, o primeiro quadrinho cria certa expectativa sobre quem o interlocutor de Mnica, o que s mostrado no segundo quadrinho. II. No segundo quadrinho, a identidade da mulher (uma bruxa) apresentada principalmente por meio de recursos no verbais. III. Os traos em forma de semicrculo e a poeira em movimento em torno da vassoura indicam que esse objeto est ligado, autnomo para se movimentar e, portanto, deve pertencer a uma bruxa. IV. O humor da tira tem relao com o fato de Mnica interrogar a bruxa com muita seriedade, procura de evidncias de que ela a dona da vassoura. Esto CORRETAS:
(UPE/SSA 1 - 2017) Do sculo XVI at meados do sculo XVIII, duas manifestaes estticas so de extrema relevncia para a formao da literatura brasileira: o Barroco e o Arcadismo. Para refletir sobre esses dois momentos e responder questo, leia os textos a seguir. Texto 1 Discreta, e formosssima Maria, Enquanto estamos vendo claramente Na vossa ardente vista o sol ardente, E na rosada face a Aurora fria. Enquanto pois produz, enquanto cria Essa esfera gentil, mina excelente No cabelo o metal mais reluzente, E na boca a mais fina pedraria. Gozai, gozai da flor da formosura, Antes que o frio da madura idade Tronco deixe despido, o que verdura. Que passado o zenith da mocidade, Sem a noite encontrar da sepultura, cada dia ocaso da beldade. (Gregrio de Matos) Texto 2 Brandas ribeiras, quanto estou contente De ver-nos outra vez, se isto verdade! Quanto me alegra ouvir a suavidade, Com que Flis entoa a voz cadente! Os rebanhos, o gado, o campo, a gente, Tudo me est causando novidade: Oh como certo, que a cruel saudade Faz tudo, do que foi, mui diferente! Recebei (eu vos peo) um desgraado, Que andou t agora por incerto giro Correndo sempre atrs do seu cuidado: Este pranto, estes ais, com que respiro, Podendo comover o vosso agrado, Faam digno de vs o meu suspiro. (Cludio Manoel da Costa) Sobre os textos 1 e 2 e seus respectivos autores, analise as seguintes proposies. I. Pode-se afirmar que uma das caractersticas do Barroco, presente no texto 1, o tema da efemeridade da vida, como pode ser percebido no primeiro terceto. II. Gregrio de Matos foi um repentista, que sabia improvisar; um menestrel baiano que buscava inspirao no cotidiano, nas circunstncias da vida, quer seja pelo xtase religioso, quer pelo afetivo. III. O texto 1 marcado pela temtica do Carpe Diem, caracterstica notvel tambm do Barroco. IV. O texto 2 tem sua temtica ligada ao pastoralismo, ao bucolismo e remete mitologia grega. V. Cludio Manoel da Costa, cujo nome pastoral Glauceste Satrnio, tem forte influncia dos padres cultistas, elevada inventividade lrica e deseja exprimir a realidade de seu pas. Esto CORRETAS, apenas:
(Upe-ssa 3/2017) O início do século XX, compreendido entre 1902 a 1922, foi muito significativo para a fase de transição da literatura brasileira. As Vanguardas Europeias e a Semana de 1922 representaram mudanças importantíssimas no fazer artístico e literário, no Brasil. Acerca desse período, analise as proposições a seguir e assinale com V as Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) O ano de 1902, marcado pela publicação de Os Sertões, de Euclides da Cunha, foi decisivo para a liberdade intelectual brasileira. Essa obra foi importante porque lançou, de um só golpe, a realidade brasileira até então disfarçada. Isso mantinha os escritores da época presos à visão europeia, em razão de sentimentos de inferioridade, motivados pelo status colonial vivenciado. ( ) O Futurismo, um dos movimentos de vanguarda, foi lançado por Marinetti. Tal movimento estético caracterizou-se mais por manifestos que por obras; assim, os futuristas exaltavam a vida moderna, cultuavam a máquina e a velocidade. ( ) Os romances de Lima Barreto têm muito de crônica, pois neles se encontram cenas do cotidiano, de jornal, sobre a vida burocrática, tudo numa linguagem fluente e sem muitas ambições. Isso pode ser percebido no seguinte trecho de sua obra Recordações do Escrivão Isaías Caminha: Almocei, saí até à cidade próxima para fazer as minhas despedidas, jantei e, sempre, aquela visão doutoral que me não deixava. ( ) Augusto dos Anjos é um poeta eloquente; assim, encontram-se, em sua obra, palavras do jargão científico e termos técnicos, que não podem ser ignorados, porque tais palavras fazem parte do contexto de produção do poeta. Pode-se conferir isso no seguinte trecho de seu poema A ideia: Vem do encéfalo absconso que a constringe, / Chega em seguida às cordas do laringe, / Tísica, tênue, mínima, raquítica ... ( ) A Semana de 22 ocorreu no Teatro Municipal de São Paulo, nos dias 13, 15 e 17 de fevereiro de 1922. A ideia da Semana era a de destruir, escandalizar e, especialmente, criticar. Acerca dessa postura, Aníbal Machado diz a seguinte frase: Não sabemos definir o que queremos, mas sabemos discernir o que não queremos. A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(Upe-ssa 1/2017) Leia atentamente os textos verbais e não verbais a seguir. Texto 1 Meus Oito Anos Oh! que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida. De minha infância querida Que os anos não trazem mais! Que amor, que sonhos, que flores, Naquelas tardes fagueiras À sombra das bananeiras, Da rua de Santo Antônio Debaixo dos laranjais (Casimiro de Abreu) Texto 2 Meus Oito Anos Oh que saudades que eu tenho Da aurora de minha vida Das horas De minha infância Que os anos não trazem mais Naquele quintal de terra! Da rua de Santo Antônio Debaixo da bananeira Sem nenhum laranjais (Oswald de Andrade) Texto 3 Texto 4 CARAMURU Canto VI XXXVII Copiosa multidão da nau francesa Corre a ver o espetáculo, assombrada; E, ignorando a ocasião de estranha empresa, Pasma da turba feminil, que nada. Uma, que às mais precede em gentileza, Não vinha menos bela do que irada; Era Moema, que de inveja geme, E já vizinha à nau se apega ao leme. XXXVIII Bárbaro (a bela diz:) tigre e não homem... Porém o tigre, por cruel que brame, Acha forças no amor que enfim o domem; Só a ti não domou, por mais que eu te ame. Fúrias, raios, coriscos, que o ar consomem, Como não consumis aquele infame? Mas apagar tanto amor com tédio e asco... Ah que corisco és tu... raio... penhasco? (...) (José de Santa Rita Durão) Texto 5 Texto 6 Com base nos textos 1, 2, 3, 4, 5 e 6, analise as afirmativas a seguir e assinale com V as Verdadeiras e com F as Falsas. ( ) É considerado um intertexto todo aquele texto que cruza com outro texto e estabelece com este uma inter-relação nova e singular. Dessa forma, pode-se afirmar que os Textos 1 e 2 são considerados um intertexto. ( ) O Texto 3 se trata de um cartaz sobre uma campanha publicitária promovida pelo Ministério da Educação, em 2003. Nele se observa a predominância de uma função da linguagem, que é a função emotiva ou expressiva. ( ) O Texto 4 é um trecho do poema lírico do Barroco brasileiro, o qual narra os feitos heroicos de Diogo Álvares Correia, que ensina aos índios tupinambás as leis e a cultura dos europeus. Esse poema foi parodiado no filme Caramuru A Invenção do Brasil, conforme está indicado no Texto 5. ( ) A paródia é a recriação de um texto com a finalidade de ironizar, criticar, provocar humor, satirizar um outro texto que serviu de referência. Assim, pode-se afirmar que o Texto 6 é um exemplo de paródia. A sequência CORRETA, de cima para baixo, é:
(UPE/SSA 3 - 2017) Texto do cartaz: Eu sou um cartaz HIV positivo. Minhas medidas so 40 x 60 centmetros. Fui impresso em papel Alta Alvura e minha gramatura 250. Eu sou exatamente como qualquer outro cartaz. Com um detalhe: sou HIV positivo. isso mesmo que voc leu. Sou portador do vrus. Carrego em mim uma gota de sangue HIV positivo. De verdade. Neste momento, voc pode estar dando um passo para trs se perguntando se eu ofereo algum perigo. Minha resposta : nem de longe. O HIV no sobrevive fora do corpo humano por mais de uma hora. Por isso, o sangue neste cartaz no traz nenhum perigo. Assim como conviver com um soropositivo. Voc contrai o HIV se tiver relaes sexuais sem preservativos com algum que no esta em tratamento efetivo, se partilhar de agulhas e seringas com sangue contaminado. Sim, voc pode conviver comigo e com qualquer pessoa soropositiva numa boa. Ns podemos exercer nossa funo na sociedade perfeitamente. E arrisco dizer que, se eu no tivesse revelado que tenho HIV, talvez voc nem tivesse notado. Porque ser soropositivo no determina quem voc . Seja para um cartaz ou para um ser humano. Se o preconceito uma doena, a informao a cura. Dentre os valores e/ou opinies veiculados pelo texto, encontra-se a defesa de que
(Upe-ssa 1 2016) Sobre a produção do Arcadismo no Brasil, analise as afirmativas a seguir e coloque V nas verdadeiras e F nas falsas. () Tomás Antônio Gonzaga é considerado, ao lado de Cláudio Manuel da Costa, ícone da Literatura Árcade. Contudo, os dois iniciaram suas produções poéticas de modo diverso: o primeiro como poeta árcade e o segundo ainda dentro dos preceitos do Barroco. () Tomás Antônio Gonzaga tem a obra poética pertencente a duas fases: a primeira é árcade, e a segunda tem traços românticos. Além disso, foi poeta satírico em As Cartas Chilenas, e lírico, em Marília de Dirceu. () Como poeta árcade, o autor de As Cartas Chilenas utiliza o pseudônimo de Dirceu, quenutre amor pela musa Marília. Envolvido com o movimento dos inconfidentes, é degredado para a África, apenas regressando ao Brasil no final da vida. () O autor de Liras de Dirceu revela sentimentalismo e emotividade em seus poemas, apontando, assim, para o pré-romantismo, que antecede o Arcadismo. () Tendo Tomás Antônio Gonzaga sido preso como inconfidente, continuou a escrever poemas mais emotivos e pessimistas, passando a falar de si mesmo e lastimando sua condição de prisioneiro. A poesia que produz nesse período é a que mais contém características do Romantismo. Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA.
(UPE-2016) Enquadram-se os três sonetos em distintos Movimentos Literários. Leia-os e analise-os. Poema 1 Já da morte o palor me cobre o rosto, Nos lábios meus o alento desfalece, Surda agonia o coração fenece, E devora meu ser mortal desgosto! Do leito embalde no macio encosto Tento o sono reter! já esmorece O corpo exausto que o repouso esquece Eis o estado em que a mágoa me tem posto! O adeus, o teu adeus, minha saudade, Fazem que insano do viver me prive E tenha os olhos meus na escuridade. Dá-me a esperança com que o ser mantive! Volve ao amante os olhos por piedade, Olhos por quem viveu quem já não vive! (Álvares de Azevedo, Lira dos 20 anos) Poema 2 A Morte Oh! a jornada negra! A alma se despedaça... Tremem as mãos... O olhar, molhado e ansioso, espia, E vê fugir, fugir a ribanceira fria Por onde a procissão dos dias mortos passa. No céu gelado expira o derradeiro dia, Na última região que o teu olhar devassa! E só, trevoso e largo, o mar estardalhaça No indizível horror de uma noite vazia... Pobre! por que, a sofrer, a leste e a oeste, ao norte E ao sul, desperdiçaste a força de tua alma? Tinhas tão perto o Bem, tendo tão perto a Morte! Paz à tua ambição! paz à tua loucura! A conquista melhor é a conquista da Calma: - Conquistaste o país do Sono e da Ventura! (Olavo Bilac) Poema 3 A Morte Oh! que doce tristeza e que ternura No olhar ansioso, aflito dos que morrem De que âncoras profundas se socorrem Os que penetram nessa noite escura! Da vida aos frios véus da sepultura Vagos momentos trêmulos decorrem E dos olhos as lágrimas escorrem Como faróis da humana Desventura. Descem então aos golfos congelados Os que na terra vagam suspirando, Com os velhos corações tantalizados. Tudo negro e sinistro vai rolando Báratro a baixo, aos ecos soluçados Do vendaval da Morte ondeando, uivando (Cruz e Sousa) A leitura dos poemas comprova que o tema da morte tanto quanto o tema do amor estão presentes em textos de todos os movimentos literários e em produção de diferentes poetas. Nos três poemas, o tema da morte é ponto fundamental. Sobre isso, assinale a alternativa CORRETA.
(UPE-2016) Há textos literários que se aproximam pelos conteúdos tratados, tal como ocorre com o tema da distância da pátria, cujo início remonta Canção do Exílio, do poeta Gonçalves Dias. Contudo, nem sempre um ratifica, de modo claro, a ideia do outro. Muitas vezes, a retomada se realiza de maneira irônica, em que o texto mais recente assume uma dimensão crítica inovadora, em relação ao texto anterior. Outras vezes, dá-se a retomada por uma paráfrase, pois se mantém o sentido do texto original. Considerando o exposto, analise os poemas a seguir: Poema 1 Canção do Exílio Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá; As aves que aqui gorjeiam, Não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, Nossas várzeas têm mais flores, Nossos bosques têm mais vida, Nossa vida mais amores. Em cismar, sozinho, à noite, Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Minha terra tem primores, Que tais não encontro eu cá; Em cismar sozinho, à noite Mais prazer encontro eu lá; Minha terra tem palmeiras, Onde canta o Sabiá. Não permita Deus que eu morra, Sem que eu volte para lá; Sem que desfrute os primores Que não encontro por cá; Sem quinda aviste as palmeiras, Onde canta o Sabiá. (Gonçalves Dias) Poema 2 Poema 3 Canto de regresso à pátria Minha terra tem palmares Onde gorjeia o mar Os passarinhos daqui Não cantam como os de lá Minha terra tem mais rosas E quase que mais amores Minha terra tem mais ouro Minha terra tem mais terra Ouro terra amor e rosas Eu quero tudo de lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte para lá Não permita Deus que eu morra Sem que volte pra São Paulo Sem que veja a Rua 15 E o progresso de São Paulo (Oswald de Andrade) Canção do Exílio Minha terra tem macieiras da Califórnia onde cantam gaturamos de Veneza. Os poetas da minha terra são pretos que vivem em torres de ametista, os sargentos do exército são monistas, cubistas, os filósofos são polacos vendendo a prestações. A gente não pode dormir com os oradores e os pernilongos. Os sururus em família têm por testemunha a Gioconda. Eu morro sufocado em terra estrangeira. Nossas flores são mais bonitas nossas frutas mais gostosas mas custam cem mil réis a dúzia. Ai quem me dera chupar uma carambola de verdade e ouvir um sabiá com certidão de idade! (Murilo Mendes) Poema 4 Minha terra Minha terra não tem terremotos... nem ciclones... nem vulcões... As suas aragens são mansas e as suas chuvas esperadas: chuvas de janeiro... chuvas de caju... chuvas-de-santa-luzia... Que viço mulato na luz do seu dia! Que amena poesia, de noite, no céu: Lá vai São Jorge esquipando em seu cavalo na lua! Olha o Carreiro-de-São-Tiago! Eu vou cortar a minha língua na Papa-Ceia! O homem de minha terra, para viver, basta pescar! e se estiver enfarado de peixe, arma o mondé e vai dormir e sonhar... que pela manhã tem paca louçã, tatu-verdadeiro ou jurupará... pra assá-lo no espeto e depois comê-lo com farinha de mandioca ou com fubá. [...] O homem de minha terra tem um deus de carne e osso! Um deus verdadeiro, que tudo pode, tudo manda e tudo quer... E pode mesmo de verdade. Sabe disso o mundo inteiro: Meu Padinho Pade Ciço do Joazero! [...] Os guerreiros de minha terra já nascem feitos. Não aprenderam esgrima nem tiveram instrução... Brigar é do seu destino: Cabeleira! Conselheiro Tempestade! Lampião! Os guerreiros de minha terra já nascem feitos: Cabeleira! Conselheiro Tempestade! Lampião! (Ascenso Ferreira) Analise as afirmativas a seguir e coloque V nas Verdadeiras e F nas Falsas. ( ) A Canção do Exílio, escrita por Gonçalves Dias, poema do período romântico, exalta a natureza brasileira. Possui versos em que o eu poético, ausente da pátria, traça as diferenças existentes entre o lugar onde se encontra, denominando-o de cá, e a pátria, da qual está distante, de lá, criando assim uma relação antitética e metonímica. ( ) Os três outros poemas pertencem à primeira e à segunda fase do Modernismo. Caracterizam-se por um discurso irônico, que se contrapõe ao tom de exaltação presente no poema 1, contrariando uma máxima da geração de 1922, cuja retomada do passado ocorre sempre de modo ratificador. ( ) O poema 4, ao contrário do 1, pertence à geração de 1922 e resgata temas que integram a cultura brasileira quando traz à tona aspectos do folclore do Nordeste. Além disso, por meio de expressões negativas, tais como: Não tem terremotos... nem ciclones... nem vulcões.../ exalta a pátria, mas o faz respeitando a linguagem oral nordestina, aspecto comum na primeira fase do Modernismo Brasileiro. ( ) Os poemas 2 e 3 apresentam pontos em comum quanto à linguagem, pois, em ambos, predomina a crítica ao derramamento sentimental do Romantismo. Isso se justifica porque eles trazem uma imagem crítica da sociedade brasileira bem diferente daquela contida no poema 1. Desse modo, eles se relacionam como retomada intertextual e parodística. ( ) Os quatro poemas integram a literatura da terceira fase do Modernismo Brasileiro, pois obedecem à métrica rígida e apresentam uma secura de linguagem que se aproxima daquela utilizada por Carlos Drummond de Andrade e João Cabral de Melo Neto. Ambos, em sua produção poética, se aproximam do antilirismo. Assinale a alternativa que contém a sequência CORRETA.
(Upe-ssa 2 2016) Em relação à produção literária de Gonçalves Dias e Castro Alves, ambos preocupados, em suas temáticas, com a problemática das etnias, que determina o homem brasileiro como ser culturalmente híbrido, analise as afirmativas e coloque V nas Verdadeiras e F nas Falsas. ( ) A poética de Gonçalves Dias trata do homem indígena em sua essência, apresentando-o integrado aos aspectos culturais de seu grupo. ( ) A poética de Castro Alves toma como princípio a defesa dos negros, escravos que eram vendidos aos colonos no Brasil para serem explorados pelos senhores, principalmente no plantio da cana e no fabrico do açúcar. ( ) Tanto Gonçalves Dias quanto Castro Alves ficaram alheios às questões históricas brasileiras, pois produziram poemas de tonalidade épica, embora neles não fossem contempladas as temáticas indígena e abolicionista. ( ) Nos poemas líricos, eles exaltaram o sentimento amoroso de modo diversificado. Enquanto Gonçalves Dias idealiza a imagem feminina, Castro Alves imprime-lhe um sentido sensual, o que já prenuncia o movimento posterior ao Romantismo. ( ) Na poesia condoreira de Castro Alves, o poeta descreve como os negros sã desterritorializados, os maus-tratos que sofrem nos navios negreiros e o modo como perde a liberdade ao serem vendidos como escravos aos senhores de engenho. Analise a alternativa que contém a sequência CORRETA.